O grande desafio de ensinar sexualidade nas escolas

A sexualidade é algo que faz parte de nossas vidas e está presente em todas as fases: desde a infância até a terceira idade. O que muda é a forma na qual ela manifesta-se em cada fase. Na infância, a criança faz a descoberta do seu corpo: sou uma menina! sou um menino! Na puberdade, começam as mudanças físicas e psicológicas, que continuam durante a adolescência, e que farão este menino ou menina tornarem-se adultos.

A adolescência é um período de novas descobertas, especialmente com relação à sexualidade, ao corpo, e é neste momento que os jovens precisam de uma correta orientação sobre o assunto. Na maioria das vezes, infelizmente, não há este tipo de diálogo em casa, com os pais.

Vivemos em uma sociedade repressiva, cheia de tabus, preconceitos, rótulos, especialmente em termos de sexo, onde nossos pais tiveram uma educação rígida e muitas vezes a palavra “sexo” era proibida de ser pronunciada em casa, ao passo que nossos avós também foram educados desta forma e assim sucessivamente.

A educação sexual é fundamental para a saúde sexual dos adolescentes e, a sua correta orientação, trará muitos benefícios aos jovens em termos de percepção de sua própria sexualidade, a do outro e o seu comportamento diante das descobertas que surgirão a partir deste momento.

É justamente aqui que entra a escola. Ela tem o papel fundamental de promotora deste conhecimento, de orientadora pedagógica, para que os nossos adolescentes tenham acesso às informações relativas à sexualidade, desde a prevenção até a reprodução, de forma correta, através de profissionais preparados para tal tarefa.

É necessário que haja um investimento na formação dos professores para que estejam aptos a orientar e tirar dúvidas dos alunos e que se sintam à vontade em abordar o tema sexualidade em sala de aula.

Abordar o tema “sexualidade” na escola, não é fácil. Deveria ser algo natural, mas não é.

Diante disto, podemos nos perguntar: que tipo de escola precisamos ter para que nossas crianças e adolescentes sejam sexualmente saudáveis?

Devemos lembrar que ser “sexualmente saudável” também inclui o respeito às diferenças, quer sejam de gênero, de religião, de orientação sexual ou de igualdade étnico-racial.

Podemos citar aqui alguns princípios fundamentais para uma educação sexual na escola de respeito às diferenças:

1) A educação sexual deve começar na infância, e, portanto, deveria fazer parte do currículo escolar;

2) As manifestações da sexualidade não se justificam apenas pelo objetivo da reprodução;

3) A descoberta corporal é expressão de sexualidade;

4) Meninos e meninas podem ter os mesmos brinquedos SIM;

5) Há muitos modos de a sexualidade e o gênero se expressarem em cada pessoa; portanto, devemos respeitar as diferenças;

6) A educação sexual nas escolas pode discutir valores como respeito, solidariedade, direitos humanos.

É importante que as atividades escolares façam as crianças e jovens refletirem e perceberem que o “diferente” não é necessariamente algo ruim e que pode ser algo bom, contribuindo assim, para mudar a visão desde cedo, a questionar o preconceito, a diminuir a desigualdade social e a combater a exclusão.

É necessário que sejam abordados temas como prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, menstruação, gravidez precoce, aborto, métodos anticoncepcionais, uso da “pílula do dia seguinte”, pois há meninas que estão fazendo o uso destas pílulas deliberadamente, sem saber que estão a correr sérios riscos de tornarem-se futuras mulheres estéreis e que entram para o grupo de risco de câncer de colo de útero e de mama, dentre outras complicações de saúde.

De acordo com pesquisas recentes da Organização Mundial de Saúde (ONU), em 2013 haviam 7,3 milhões de adolescentes grávidas, sendo que dois milhões têm menos de 15 anos. A previsão é de que, se nada mudar, esse número salte para três milhões em 2030. Os dados são alarmantes!

Alguns dos motivos que tem aumentado a incidência de gravidez na adolescência são o excesso de informações, muitas delas mal interpretadas pelos jovens, a liberdade excessiva e a falta de limites por parte dos pais e a falta de orientação nas escolas sobre sexualidade.

Precisamos abrir nossos olhos e ver que se não oferecermos uma educação sexual correta para nossos filhos, a iniciar a partir de casa, pelos pais, e com o apoio da escola, nossas crianças e jovens irão aprender de qualquer forma, é inevitável, porém “na rua” e com pessoas erradas e informações erradas.

Sendo assim, não seria melhor incentivarmos os governos para que as escolas tenham em seus currículos a matéria “educação sexual” para preparar nossos jovens a exercerem uma sexualidade saudável e não pularem etapas na vida, que poderão trazer sérias consequências?

Vamos falar mais sobre este assunto! É o futuro da nossa juventude que está em jogo!